A História de Paraty
Segundo se conta Paraty esteve ligada a uma importante época
no cenário histórico brasileiro, devido sua posição estratégica a cidade em
pouco tempo, se tornou o segundo maior porto do pais.Por ali era escoado o ouro
que saía de Minas Gerais para Portugal. Conheça um pouco da histórica desta
cidadezinha assentada entre o mar e as montanhas e apaixone-se por ela.
A Fundação
A data de fundação de Paraty diverge de historiador para
historiador. Uns falam que em 1540/1560 já havia um núcleo devotado a São Roque
no Morro da Vila Velha (hoje Morro do Forte); paratynet, de 1596, quando
Martim Corrêa de Sá empreende uma expedição contra os índios guianas do Vale do
Paraíba; alguns paratynet, de 1600, quando havia um povoamento de paulistas da
Capitania de São Vicente; e alguns mais, 1606, quando da chegada dos primeiros
seis meeiros da Capitania de Itanhahém - que, acredita-se, venha a ser a origem
do povoamento como, grosso modo, foi o sistema de Capitanias Hereditárias a
base da exploração dos bens naturais, defesa e fixação do homem à terra no
Brasil. Monsenhor José de Souza Azevedo Pizarro e Araújo, no livro Memórias
Históricas do Rio de Janeiro e Províncias Anexas à Jurisdição do Vice-Reino do
Estado do Brasil assinalou que a fundação da cidade teria ocorrido "lá
pelos anos de 1600 e tantos". De todo modo, pode-se afirmar que, no início
do século XVII, além dos índios guaianases, já havia um crescente grupo de
"paratianos" estabelecidos por aqui.
A Transferência do Povoado
Por volta de 1640 o núcleo chamado Paratii foi transferido
para onde hoje se situa o centro histórico, em "légua e meia de terra
entre os rios Paratiguaçu (hoje Perequê-Açú) e Patitiba", doadas por Maria
Jácome de Mello. Esta, ao fazer a doação, teria imposto duas condições: que a
nova capela fosse feita em devoção a Nossa Senhora dos Remédios e se guardasse
a segurança dos gentios guaianases.
Paraty Elevada a Vila
Em 1660, o florescente povoado se rebela, exigindo a
separação de Angra dos Reis e elevação à categoria de Vila. Surgia em 1667 a
Villa de Nossa Senhora dos Remédios de Paratii. Convém salientar que Paraty foi
a primeira cidade brasileira a ter sua autonomia política decidida por escolha
popular. Paraty torna-se um razoável entreposto comercial e seu desenvolvimento
deveu-se à sua posição estratégica, no fundo da baía da Ilha Grande; ao caminho
terrestre que partia de Paraty, seguia por Guaratinguetá, passava pela
Freguesia da Piedade (atual Lorena), vencia a Garganta do Embú e chegava a Minas
Gerais: era o chamado "Caminho do Ouro da Piedade"; e ao seu porto,
que chegou a ser o segundo mais importante do país.
Entreposto Comercial
No ano da independência, por exemplo, constatou-se a
passagem pela cidade de 160.914 "cabeças de homens e animais": eram
riquezas das Gerais, no começo, e, posteriormente o café do Vale do Paraíba
sendo embarcados para a Europa, na medida em que escravos, especiarias e
sobretudo o luxo europeu chegavam para os Barões do Café, subindo o antigo
Caminho do Ouro da Piedade, usado antes da colonização pelos índios guaianases
que vinham de Guaratinguetá para pesca e o preparo da farinha de peixe. É Frei
Agostinho de Santa Maria que, no Santuário Mariano e Histórico, de 1729,
escreve sobre a importância de Paraty: "...que dista do Rio de Janearo
quarenta légoas... mas virá a ser muyto populosa pelo muyto trato &
comércio, que nella há ... porque he o porto do mar, onde acode a gente de
todas aquellas Villas do Certão, como são a de Guaratingitá, e de Pendà, Munhangába,
Thaubathé & Jacarehy ... a buscar o necessário como he o sal, o azeyte
& vinho, & tudo o mais".
A Decadência
Em 1870, devido à abertura de um novo caminho - desta feita
ferroviário - entre Rio e São Paulo, através do Vale do Paraíba, a antiga
trilha de burros pela serra do Mar perdeu sua função, afetando de forma intensa
a atividade econômica de Paraty como um todo.Um segundo fator de decadência do
comércio e da cidade foi a Abolição em 1888, causando um êxodo tal que, dos
16.000 habitantes existentes em 1851, restaram, no final do século XIX, apenas
"600 velhos, mulheres e crianças" isolando Paraty definitivamente do
país por décadas.Enquanto abriam-se estradas pelo resto do país, continuava se
chegando a Paraty como na época Colonial: de barco, vindo de Angra dos Reis;
ou, a partir de 1950, por terra, via Cunha, em estrada que só comportava
movimento quando não chovia e que aproveitava em parte o trecho da velha
estrada do ouro e do café.Nem mesmo a tentativa de se construir uma estrada de
ferro entre Paraty e Guaratinguetá, na primeira década do século XX, deu
certo.Este isolamento involuntário foi, paradoxalmente, o que preservou não só
a estrutura arquitetônica urbana da cidade como também seus usos e costumes.
O Ciclo do Café
Com o Ciclo do Café, a partir do século XIX, a cidade
revive, temporariamente, seus prósperos dias de glórias coloniais. A produção
de pinga e derivados da cana também ajudou na economia local. Foi nesta época
que Paraty virou sinônimo de pinga. No século XVIII, a cidade chegou a ter mais
de 200 engenhos de pinga e casas de moenda.
A Cidade Turística.
Com a abertura da BR 101 (Rio-Santos) no final dos anos 70,
Paraty recebe um novo impulso. Como nas fases anteriores de
"ocupação", no ouro ou no café, um novo ciclo veio dominar e explorar
a cidade: o turismo, desta feita potencializado no seu conjunto paisagístico /
arquitetônico, nas áreas florestadas, nas 65 ilhas e nas mais de 300 praias da
região.